Rodrigo Zavala
No ano de 1997, o projeto Viver Bem 2000
realizado pela Faculdade de Medicina (FM) da UNESP em todas as suas unidades
constatou que os alunos já chegam à universidade com o costume de "encher
a cara", como se diz.
De acordo com os relatórios divulgados na época,
aproximadamente 18% dos estudantes ingressantes em universidades já faziam uso
excessivo de bebidas alcoólicas.
Pode, a primeira vista, parecer pouco, mas
esses 18% representam a parte do alunado que se embriaga quase diariamente. Na
linha do "bebo socialmente", o número ultrapassa os 70%.
Esses dados comprovaram que o problema é
anterior à fase universitária dos adolescentes.
Com base nessa pesquisa, a Fapesp (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e o CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico) financiam agora um estudo sobre
consumo de álcool por alunos do ensino médio. O projeto, em andamento no
Departamento de Educação do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas
(Ibilce) da UNESP, campus de São José do Rio Preto, busca entender as razões
que têm levado os jovens a desenvolver o hábito de beber.
"O objetivo é ensiná-los a moderar o
consumo dessas substâncias ou mesmo conduzi-los voluntariamente à
abstinência", explica o responsável pelo trabalho, o psicólogo Raul Aragão
Martins, do Ibilce. Segundo ele, não é possível impedir o uso de algum tipo de
droga, mas é possível ensinar a fazê-lo de forma moderada e não nociva.
Entre os fatores intimamente ligados ao uso
excessivo do álcool, Martins identificou o consumo regular de bebida pela
família e a crença de que a ingestão de álcool facilita o convívio em grupo e
fatores religiosos. E cada um desses casos possuem uma complexa e curiosa
abordagem.
Quando se trata do ambiente familiar, há duas
práticas que levam a um mesmo fim. Caso a família beba exageradamente - quando
os tios dão vexame em festas de criança, por exemplo -, o jovem passa a
entender que esse é um padrão adequado. Por outro lado, caso os membros da
família não bebam, o jovem seguirá os padrões daquele que bebe no bar,
geralmente, em demasia.
"O jovem, de maneira geral, não sabe
beber, e arrisca a própria segurança ao ingerir álcool em doses
excessivas."
A crença de que o álcool é um inibir de timidez
também leva a um consumo excessivo, já que bebe-se grandes quantidades
rapidamente. Outro dado curioso é o da religião: "adolescentes que se
declaram sem religião geralmente bebem mais em relação aos que afirmam ter uma
crença", destaca.
O estudo também identificou o aumento do hábito
de beber entre as mulheres. A maioria delas desconhece que o organismo feminino
apresenta metade da tolerância masculina ao álcool. Como conseqüência, se
embriagam mais rapidamente e o álcool demora mais tempo para ser metabolizado
pelo organismo. "O organismo feminino possui menor quantidade de enzimas
que atuam no metabolismo do álcool", lembra Martins.
Os voluntários acompanhados pelo estudo foram
identificados entre os estudantes da rede pública de ensino dos municípios de
São José do Rio Preto e Nova Granada, interior de São Paulo.
Fonte: UOL
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