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Em 1889 o Brasil deixou de ser uma monarquia e a passou a
ser uma República Federativa. Após a proclamação da República seguiram no poder
dois presidentes militares, os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Este breve período
republicano ficou conhecido como República da Espada. Logo em seguida
foi eleito então o primeiro presidente civil da história republicana do Brasil, Prudente de Morais.
A história republicana brasileira começou marcada
por acordos entre as elites das principais províncias do país, Minas Gerais e
São Paulo, naquela época as unidades da federação não eram chamadas de estados
ainda. O fato de o Brasil ter se tornado uma República Federativa permitiu que
as províncias desfrutassem de maior poderio político, sendo que este era
diretamente representado pelo seu potencial econômico.
Na última década do século XIX, Minas Gerais
e São Paulo eram as duas principais províncias do país em termos
econômicos. São Paulo já havia consolidado uma situação independente do
trabalho escravo de longa data, ainda em torno da metade do reinado de Dom Pedro II os cafeicultores da província já acreditavam que o uso de mão-de-obra compulsória era algo
ultrapassado e defendiam o trabalho assalariado e também a utilização de
imigrantes na fazenda para substituição dos escravos. Essas características os
tornavam contrários ao regime monárquico e apoiadores do movimento republicano.
Além disso, tais fatos tornaram a província de São Paulo muito forte
politicamente e também economicamente no início do período republicano.
Minas Gerais, por outro lado, embora tenha demorado
um pouco mais do que São Paulo a acreditar que a mão-de-obra escrava não era mais vantajosa e consecutivamente retardado a utilização da
mão-de-obra assalariada de imigrantes, era uma província de mesmo porte que São
Paulo nas questões políticas e econômicas. Além disso, ambas as províncias
representavam os maiores currais eleitorais da época, pois naquele momento o
voto não era privilégio de todos, somente dos alfabetizados, o que tornava
mínimo o contingente da população brasileira apta a votar.
Foi então que se estruturou oficialmente durante o
governo do presidente Campos Sales (1898-1902) a chamada Política do Café
com Leite. De acordo com a mesma, São Paulo, indicado como maior
produtor de café do país, e Minas Gerais, maior produtor de leite no
país, uniriam suas forças políticas e econômicas para controlar o cenário
político brasileiro através de um revezamento de presidentes no poder. Assim,
ora seria um paulista e ora seria um mineiro. As pesquisas atuais indicam que o
motivo repetido por várias décadas como base para dar nome a tal política não é
bem fundamentado. Na verdade Minas Gerais também era um grande e importante
produtor de café e este superava inclusive a produção de leite.
Durante um longo período se revezaram na
presidência políticos oriundos do Partido Republicano Paulista ou do Partido
Republicano Mineiro, ambos controlavam as eleições, tinham o maior numero na
bancada no Congresso Nacional e o maior curral eleitoral. Suas articulações
faziam com que contasse com o apoio de elites de outras províncias do país.
Para garantir o resultado das eleições da maneira
desejada pelos articuladores da Política do Café com Leite eram
utilizadas ferramentas como o coronelismo, o voto de cabresto e
a política dos governadores. Naquela época o
voto não era secreto e os coronéis de cada região controlavam em quem as
pessoas iriam votar. Os coronéis davam seu apoio aos governadores, que apoiavam
o presidente e ambos permitiam a continuidade do poder dos coronéis. Assim se
formava um governo oligárquico, no qual só tinham acesso ao poder os que faziam
parte do grupo dominante.
A Política do Café com Leite chegou ao fim
no governo do presidente Washington Luís (1926-1930). Este
era paulista e resolveu apoiar para a eleição seguinte outro candidato
paulista, Júlio Prestes, rompendo então com o pacto de revezamento entre
mineiros e paulistas. A medida causos descontentamento aos mineiros que se
uniram com os políticos do Rio Grande do Sul e lançaram outro candidato à
presidência, mas foram derrotados porque o grupo dos paulistas fraudou mais as
eleições, como já era previsto. Os mineiros não esperaram o presidente eleito
tomar posse e organizaram um golpe que levou ao poder Getúlio Vargas em 1930.
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