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sábado, 13 de abril de 2013

Política do Café com Leite



Em 1889 o Brasil deixou de ser uma monarquia e a passou a ser uma República Federativa. Após a proclamação da República seguiram no poder dois presidentes militares, os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Este breve período republicano ficou conhecido como República da Espada. Logo em seguida foi eleito então o primeiro presidente civil da história republicana do Brasil, Prudente de Morais.
A história republicana brasileira começou marcada por acordos entre as elites das principais províncias do país, Minas Gerais e São Paulo, naquela época as unidades da federação não eram chamadas de estados ainda. O fato de o Brasil ter se tornado uma República Federativa permitiu que as províncias desfrutassem de maior poderio político, sendo que este era diretamente representado pelo seu potencial econômico.

Na última década do século XIX, Minas Gerais e São Paulo eram as duas principais províncias do país em termos econômicos. São Paulo já havia consolidado uma situação independente do trabalho escravo de longa data, ainda em torno da metade do reinado de Dom Pedro II os cafeicultores da província já acreditavam que o uso de mão-de-obra compulsória era algo ultrapassado e defendiam o trabalho assalariado e também a utilização de imigrantes na fazenda para substituição dos escravos. Essas características os tornavam contrários ao regime monárquico e apoiadores do movimento republicano. Além disso, tais fatos tornaram a província de São Paulo muito forte politicamente e também economicamente no início do período republicano.

Minas Gerais, por outro lado, embora tenha demorado um pouco mais do que São Paulo a acreditar que a mão-de-obra escrava não era mais vantajosa e consecutivamente retardado a utilização da mão-de-obra assalariada de imigrantes, era uma província de mesmo porte que São Paulo nas questões políticas e econômicas. Além disso, ambas as províncias representavam os maiores currais eleitorais da época, pois naquele momento o voto não era privilégio de todos, somente dos alfabetizados, o que tornava mínimo o contingente da população brasileira apta a votar.

Foi então que se estruturou oficialmente durante o governo do presidente Campos Sales (1898-1902) a chamada Política do Café com Leite. De acordo com a mesma, São Paulo, indicado como maior produtor de café do país, e Minas Gerais, maior produtor de leite no país, uniriam suas forças políticas e econômicas para controlar o cenário político brasileiro através de um revezamento de presidentes no poder. Assim, ora seria um paulista e ora seria um mineiro. As pesquisas atuais indicam que o motivo repetido por várias décadas como base para dar nome a tal política não é bem fundamentado. Na verdade Minas Gerais também era um grande e importante produtor de café e este superava inclusive a produção de leite.

Durante um longo período se revezaram na presidência políticos oriundos do Partido Republicano Paulista ou do Partido Republicano Mineiro, ambos controlavam as eleições, tinham o maior numero na bancada no Congresso Nacional e o maior curral eleitoral. Suas articulações faziam com que contasse com o apoio de elites de outras províncias do país.

Para garantir o resultado das eleições da maneira desejada pelos articuladores da Política do Café com Leite eram utilizadas ferramentas como o coronelismo, o voto de cabresto e a política dos governadores. Naquela época o voto não era secreto e os coronéis de cada região controlavam em quem as pessoas iriam votar. Os coronéis davam seu apoio aos governadores, que apoiavam o presidente e ambos permitiam a continuidade do poder dos coronéis. Assim se formava um governo oligárquico, no qual só tinham acesso ao poder os que faziam parte do grupo dominante.

A Política do Café com Leite chegou ao fim no governo do presidente Washington Luís (1926-1930). Este era paulista e resolveu apoiar para a eleição seguinte outro candidato paulista, Júlio Prestes, rompendo então com o pacto de revezamento entre mineiros e paulistas. A medida causos descontentamento aos mineiros que se uniram com os políticos do Rio Grande do Sul e lançaram outro candidato à presidência, mas foram derrotados porque o grupo dos paulistas fraudou mais as eleições, como já era previsto. Os mineiros não esperaram o presidente eleito tomar posse e organizaram um golpe que levou ao poder Getúlio Vargas em 1930.

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