Quando os negros escravos chegaram ao Brasil trazidos da África de
variados grupos étnicos eles trouxeram consigo as suas crenças e rituais, e ao
correr do tempo foram aculturados, catequizados e convertidos ao catolicismo
pelos padres da Companhia de Jesus.
E nesse processo de assimilação, muito dos
seus valores culturais foram preservados assim como as imagens dos mitos
anteriores que foram associados aos santos a própria maneira de ser, o gosto
pela música, pela dança e pelos panos coloridos.
Na cidade do Rio de Janeiro, os negros
foram inicialmente aceitos na igreja de São Sebastião do morro do Castelo,
porém quando da transformação daquele templo em Sé, os negros acabaram sendo
hostilizados, e passaram à ter muitas dificuldades para realizarem os seus
cultos, em virtude dos fatos os irmãos se empenharam e decidiram construir seu
próprio templo, e para isto em 14 de Janeiro de 1700 obtiveram o alvará de
licença para edificação e o privilégio de escolher o sacerdote para a
celebração do ofícios, e em Agosto de 1701 foi oficializado a doação do terreno
por parte de Dona Francisca de Pontes diante do tabelião João de Carvalho
Mattos, e no dia 2 de Fevereiro de 1708 foi colocada a pedra fundamental para a
construção da igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens
Preto que cresceu e desenvolveu-se conforme a sua vocação natural sem ostentar
muito luxo porém com seu caráter festivo que nos dias dos santos se tornou
palco memoráveis de comemorações.
Ao reunir fieis pretos e brancos das mais
variadas camadas sociais de toda a cidade para presenciarem um curioso desfile
que reunia o rei e a rainha negros com sua corte vestidos de ricos trajes
bordados que saiam pelas ruas dançando e batendo palmas num ritual a que muitos
estudiosos atribuem as origens do carnaval.
E no ano de 1734 quando das obras na
igreja do morro do Castelo, a catedral foi transferida para a igreja Cruz dos
Militares, mas em conseqüência de desacordos surgidos em 1737, a Sé foi
transferida para a igreja a igreja do Rosário e São Benedito onde o cabino não
demorou a criar novas contrariedades, que levou a irmandade a se queixar ao
rei, todavia em resposta a carta da irmandade o soberano determinou que a
catedral permanecesse até a construção de uma nova Sé. E quando da chegada de
Dom João VI ao Rio de Janeiro em 7 de Março de 1808, ele manifestou a intenção
de visitar a catedral da cidade e tal travou-se uma verdadeira batalha ente os
cônegos que queriam receber os reis à porta, e por este motivo acabaram
impedindo que o pessoal da irmandade e donos da igreja participassem da
recepção, ante porém que a disputa se tornasse mais radical.
Os irmãos optaram em demonstrar que
estavam conformados com a decisão e se retiraram da igreja e se ocultaram nas
redondezas, no momento em que o cortejo real com Dom João VI aproximava-se do
templo, os irmãos tomaram a dianteira do grupo, festejando e fazendo alas para
a passagem dos soberanos e seus acompanhantes até o altar.
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